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Há 20 anos atrás falecia um dos grandes poetas do inconformismo.
José Afonso, mais propriamente, Zeca Afonso.
Foi um dos ídolos da minha juventude. Passei bons e secretos momentos a ouvir a sua música “proibida”.
Recordo-me de entrar na Livraria Académica, no Lubango (Angola) e o proprietário me chamar para dizer que tinha recebido mais uma obra censurada. E aí ia eu repleta de felicidade com um disco do Zeca Afonso, ou do Adriano Correia de Oliveira. Em casa, o meu Pai dizia-me: «Filha, tu és menor, quem vai responder por isto sou eu. Por favor, ouve só tu.» Mas ele também gostava e … ouvia e… decorava…
Para mim, recordar Zeca Afonso, é recordar uma juventude de luta, rebeldia, inconformismo mas, também, muito feliz!
Fui aos meus álbuns velhinhos e aqui deixo um dos poemas que o próprio Zeca musicou, cuja mensagem dispensa comentários:
TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM
Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem-vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também.
Aqui venho eu com mais notícias da petição.
------------ENVIO DA PETIÇÃO à ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA------------
Saudações
Hoje, dia 16 de Fevereiro, foi enviada para a Assembleia da República a
Petição pela Acessibilidade Electrónica Portuguesa.
O envio foi efectuado electronicamente, através do site parlamento.pt, tendo
sido filmado pela RTP.
Foi também dado a conhecer o texto da Petição, legislação internacional,
bem como o número de subscritores ao Senhor Presidente da República, ao
Senhor Primeiro-Ministro, à Senhora Secretária de Estado Adjunta e da
Reabilitação, ao Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares e ao Senhor
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Solicitamos aos membros do Governo uma intervenção tão breve quanto
possível sobre estes problemas.
Terminou deste modo mais uma fase da petição.
Esperamos agora dos deputados, bem como do Governo uma atitude rápida e
decisiva e firme na resolução dos problemas constantes da petição, atitude
esta que se deve traduzir na emanação de actos legislativos (e não só) com
medidas concretas e eficazes.
Mais uma vez muito obrigado por todo o vosso apoio ao terem assinado e
divulgado esta petição.
Cumprimentos
Mariana Rocha e Daniel Serra
O VENDEDOR DE PALAVRAS
Fábio Reynol
Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, indigência lexical. Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma idéia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs.
Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia: Histriônico — apenas R$ 0,50!.
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinqüenta curiosos parasse e perguntasse.
— O que o senhor está vendendo?
— Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinquenta centavos como diz a placa.
— O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.
— O senhor sabe o significado de histriônico?
— Não.
— Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.
— Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
— O senhor tem dicionário em casa?
— Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
— O senhor estava indo à biblioteca?
— Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
— Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinquenta centavos de real!
— Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
— Se o senhor não comer a alface ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.
— O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?
— O senhor conhece Nélida Piñon?
— Não.
— É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
— E por que o senhor não vende livros?
— Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.
— E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.
— A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela carinha de dona-de-casa ela nunca me enganou. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário
— O senhor não acha muita pretensão? Pegar um...
— Jactância.
— Pegar um livro velho...
— Alfarrábio.
— O senhor me interrompe!
— Profaço.
— Está me enrolando, não é?
— Tergiversando.
— Quanta lenga-lenga...
— Ambages.
— Ambages?
— Pode ser também evasivas.
— Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!
— Pusilânime.
— O senhor é engraçadinho, não?
— Finalmente chegamos: histriônico!
— Adeus.
— Ei! Vai embora sem pagar?
— Tome seus cinquenta centavos.
— São três reais e cinquenta.
— Como é?
— Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.
— Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?
— É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?
Fábio Reynol (1973), paulista da cidade de Campinas, é jornalista e escritor. Trabalha como assessor de imprensa, redator para Internet e ghostwriter. Tem vários trabalhos, nenhum publicado, entre eles o livro-reportagem "A verdadeira história de Pedrinho Matador" escrito em parceria com a jornalista Patrícia Capovilla.
A tribo solidariza-se com o Nuno, familiares e amigos entre os quais podemos encontrar a nossa violinista preferida.
Nós já assinamos, vá lá assina também.
Recebi este mail que considero ser oportuno partilhar com todos os que, através deste blog, assinaram a petição pela acessibilidade electrónica.
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