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2008/06/05

4 de Junho de 08 




Hoje comemora-se o 48º aniversário do nascimento daquele que foi meu marido. As saudades apertaram mais do que o costume. Inventei mil e uma coisas para tentar ocupar o espírito e decidi que o melhor era deixar as memórias surgirem e encontrar forma de o homenagear. Lembrei-me então que o Rita gostava de passar para o papel os seus pensamentos e sentimentos. Assim vou partilhar com a família e amigos um texto simples apropriado a esta época do ano. É um original que só foi lido por mim, escrito após um dos nossos passeios pelo campo e que tinha como finalidade documentar um filme sobre as cegonhas do Vale do Sorraia.

«As cegonhas… (16 de Março de 2003)

Estamos em meados de Março e as cegonhas residentes já há algum tempo que puseram os seus 4 ou 5 ovos, mais propriamente desde Janeiro que namoraram e acasalaram e, nesta altura, encontram-se a chocar os cegonhinhos que virão embelezar os campos do Vale do Sorraia.

Normalmente as cegonhas escolhem construções feitas pelo homem e o mais perto deste possível. A sua preferência vai para os postes de alta tensão onde chegam a formar condomínios, com 9 ou até mais ninhos, perto uns dos outros havendo postes com 5 ninhos e outras construções que deixam admirado qualquer engenheiro.

As cegonhas novas emigram no Inverno e chegam ao nosso Vale por volta dos fins de Janeiro. Têm pela frente a difícil tarefa de acasalar e fazer o ninho por completo num sítio a escolher pelo casal. Como é óbvio, retardam um pouco a nidificação e o seu ciclo completo. Há 30 anos atrás, para obter melhores colheitas o homem introduziu herbicidas os quais contaminaram as rãs e as cobras e outros animais e insectos dos quais as cegonhas se alimentam. O resultado foi que as cegonhas correram o risco de extinção por envenenamento. Graças à sua adaptação e à protecção dos órgãos legais hoje podemos vê-las criar e voar livres e, em escala muito razoável, pelos céus do Sorraia e outros Vales portugueses.

VOEM CEGONHAS PORQUE ENQUANTO VOAREM NÓS PODEMOS RESPIRAR E SORRIR.»

Lucínio Rita Gomes



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